Expedição a Marrocos 2010

Expedição a Marrocos 2010

1º DIA: ESTORIL – ALGECIRAS

Uma viagem sem nada de especial para contar até Algeciras, não fosse o facto do Land Rover do Rui Teixeira ter deixado de ter marcha-atrás. Entraram os mecânicos amadores em acção. Tudo resolvido. Aparentemente claro! A marcha-atrás só trabalhava com o motor frio. Mas tal não foi motivo de preocupação para o Rui, que habituado às contrariedades, apenas comentou: “Podemos seguir em direcção a Marrocos”

2º DIA: ALGECIRAS – IFRANE

Depois da travessia do estreito de Gibraltar e do controle fronteiriço, entrámos finalmente em Marrocos.

Fizemos uma paragem técnica em Tetuam.

Fez. Visitámos a Medina já ao anoitecer e seguimos em direcção a Ifrane.

Ifrane é a cidade escolhida pelo Rei para férias de Inverno, sendo conhecida pela Suíça de Marrocos. É uma cidade bem cuidada, com casas tipicamente suíças e com uma imensa floresta. Em tudo bem diferente do que é habitual vermos em Marrocos

3º DIA: IFRANE – DADES

Hoje é Domingo de Páscoa e vai começar mais a sério o passeio todo terreno. Subimos ao Atlas por asfalto e até ao almoço correu tudo bem, salvo o Avelino, que se esqueceu do passaporte no hotel. Teve que voltar para trás, mas como é um ás do volante e do GPS, ainda chegou a tempo de almoçar connosco junto ao lago Tizli, no alto Atlas.
Almoçámos a cerca de 2.500 m de altitude, com neve a bordejar o cume das montanhas. Já me esquecia, tivemos o primeiro “atascanço”, já que o Rui foi passear  para a beira do lago e atascou. Teve de ser puxado e a desculpa foi a marcha-atrás.

Durante o almoço, o António Antunes pôs a questão de descermos por estrada ou pela pista do Dades, pois não sabia qual seria o estado da pista. A opinião foi unânime: todos pela pista, pois o desejo era fazer todo o terreno. Iniciámos então a pista de Dades desde os 2.800 m de altitude, com as rodas por vezes a roçar a neve, mas foi mesmo só a roçar, que a neve já estava a derreter. A pista tem paisagens deslumbrantes, foi realmente espectacular, salvo o pó que apanhámos, que era mais do que muito. Foi durante esta pista que tivemos os primeiros contactos com as centenas de crianças que se abeiravam de nós assim que ouviam o barulho dos nossos Land Rovers. É triste ver que àquelas crianças tudo falta, embora tenham no rosto um sorriso de alegria por nos verem passar. Demos o que tínhamos e o que não tínhamos. Estas crianças acompanharam-nos ao longo de toda a pista do Dades.

Finalmente, ao anoitecer chegámos ao magnífico hotel Xaluca Dades, para uma noite de conforto e de descanso merecido

4º DIA: DADES – MHAMID

Logo após a saída do hotel, entrámos em pista, pouco depois o Avelino furou. Foram cerca de 70km de pista demolidora, a maior parte feita em 1ª e 2ª, era pedra sobre pedra. Depois do almoço, parámos para descansar um pouco e fazer compras em Zagora e, quando já estávamos prestes a partir, verifiquei que tinha um amortecedor partido. O Rui ofereceu-se logo para me emprestar um mas, como não dava para soldar, de imediato alguém me indicou a oficina do Aziz. Fui lá e de imediato me desenrascaram, pois o Aziz tem uma  equipa muito competente e profissional, para além de trabalharem  barato. Passada cerca de uma hora já estávamos a rolar.

Ao aproximarmo-nos do hotel, com uns acessos muito manhosos em caminhos de terra batida, tivemos uma agradável surpresa: é um hotel  ao estilo do deserto, com construção em barro e palha, mas com umas excelentes instalações e uma piscina das mil e uma noites. Só lá faltavam as Odaliscas!

5º DIA: MHAMID – ERG-CHEGAGA

Finalmente entrámos na zona de deserto, em que ultrapassámos algumas dunas pequenas e fizemos uma pista, mas só de areia e pedras que parecia terem sido ali semeadas. Pelo meio-dia, parámos num oásis típico do deserto, com muitas  palmeiras e uma nascente de água. Tudo de uma beleza espectacular, tendo mesmo a visita de dromedários. Como tínhamos tempo e no oásis está uma temperatura agradável (fora estavam cerca de 38º) foi escolhido este local para o almoço. Estava na hora de testarmos as capacidades de cozinheiro do Armando que, com alguns ajudantes, fez uma sopa da pedra que estava uma  delícia, acompanhada com umas cervejolas bem fresquinhas. Foi um belo almoço!

Logo a seguir ao almoço o LR do António Silva não pegou e, como o meu estava ao seu lado, fui-lhe dar um encosto de bateria. Só que uma das garras dos cabos escapou, fez um curto e o meu LR deu o berro (mecânicos amadores em acção!…). Depois de várias tentativas de reanimar o bicho a solução encontrada, para não atrasar os outros, foi  o reboque do meu LR pelo do A. Antunes até ao acampamento, para grande  desgosto meu, pois já pensava que não poderia ir para as dunas. Passados poucos quilómetros, com a chegada da areia, ficámos os dois parados. Quando estávamos a tirar o ar dos pneus, o A. Silva, (que não é mecânico, mas já teve muitos problemas com a centralina dele) resolveu desligar novamente a minha centralina e voltar a ligar. Remédio Santo! O meu LR pegou…e não deu mais problemas.

Pelas 17h fomos atacar as dunas do deserto. Aí foi a vez do meu Amigo e companheiro de viagem Quim Oliveira fazer a sua perninha. Só que  teve azar com o pendura (Eu) pois, tenho muita pena, mas além de não saber andar do lado direito, sou um pendura medricas como o caraças e ele nem estava à vontade para fazer o gosto ao pé. Depois de eu fazer a minha perninha nas dunas, decidi cá para comigo que a seguir o Quim ia andar nas dunas à sua vontade, sem o pendura a atrapalhar. Mas, azar dos azares, começaram a atascar por todos os  lados: foi a Sofia que ia capotando; o Alex ficou sem potência (no LR) e o Quim, como bom samaritano que é, foi ajudar uns e eu outros…e lá se foi a brincadeira para ele. Quando já se fazia tarde e se resolveu voltar para o acampamento, o  A. Antunes escolheu caminho e nós íamos a segui-lo. Mas só eu, o A.  Silva e o Horácio conseguimos passar, todos os outros foram ficando em sucessivos atascanços. Até que, cerca das 10h da noite, lá apareceram todos e rapidamente conseguimos chegar ao acampamento, onde jantámos  e dormimos.

6º DIA: ERG-CHEGAGA – AIT-BENHADDOU

Partimos do acampamento sem tomar banho, pois só havia água no lavatório…e já gozas!
Fizemos a pista do lago Iriki, que é espectacular! É um lago seco com muitos quilómetros de comprimento e largura, onde pudemos esticar os LR e retirar o carvão acumulado.

Até ao almoço correu tudo na boa só que, logo a seguir, o V8 do Alex deu mesmo o berro. Teve que ser rebocado até à vila mais próxima, onde tentaram desenrascá-lo com uma bomba de gasolina de um Renault 19. Lá deu para desenrascar, mas pouco!

Chegámos a Benhaddou e fomos para o hotel, que só por acaso era um pouco melhor que o acampamento. Como tinha uma bela piscina com vista para uma Kasbah deslumbrante e deu para tomar banho, que era o todos estavam mais necessitados, escapou!

7º DIA: BENHADDOU – MARRAKECH

Neste dia ficámos com menos 3 elementos da caravana, pois o Frederico e a família tiveram que ir embora mais cedo por causa do Nacional de ralis. Mas não se perdeu tudo, já que foi o vencedor da prova.

Viagem na rota dos Kasbahs em pista de terra e depois por estrada. O LR do Alex continua a falhar, só anda bem a descer. Vamos ver se o conseguem arranjar em Marrakech. Aqui o hotel é razoável e, depois de um banho revigorador, eu, o  Armando e o Horácio, fomos de charret para a praça central de Marrakech. É fantástica! Mesmo à moda dos tempos medievais, com  encantadores de serpentes por todo o lado. Tantos que, mal nos  descuidamos, eu e o Horácio já temos uma serpente enrolada ao pescoço (sai foto para recordação). Na minha opinião, esta foi a praça mais  espectacular que alguma vez visitei. Na zona das compras, é a confusão total, com as motorizadas e bicicletas misturadas com os peões. Nem sei como há tão poucos acidentes.

Passado pouco tempo de chegarmos à praça o Armando, com a grande lata que tem, engatou logo dois Polícias para lhe indicarem quais as  melhores casas para comprar os produtos que ele queria. Toda a tarde  tivemos protecção Policial: levaram-nos a sítios do arco-da-velha, onde até fomos massajados com uma espécie de banha da cobra (ainda por cima por homens). Enfim, Marrakech tem realmente um encanto especial!

8º DIA: MARRAKECH – ESSAOUIRA

Partimos de Marrakech com menos dois LR, pois o Alex e o Avelino ficaram à espera do mecânico para consertar o LR do Alex. O que se veio a confirmar, seguindo eles até ao fim, embora com um dia de atraso dos restantes. Conseguiram fazer o passeio completo de LR, que era o que todos queriam.

A viagem até Essaouira decorreu sem problemas. Essaouira é uma cidade com uma bela praia e zona piscatória, assim como uma fortaleza que teve participação Portuguesa, ainda que não tenhamos conseguido ver nenhuma inscrição em português.

9º DIA: ESSAOUIRA – ASILAH

Partimos pelas 8h para Asilah, cerca de 600 km a rolar. Almoçámos em Al Jadira, mas pouco deu para ver desta cidade e seguimos em AE para Asilah. Esta sim, além de ter muitas construções feitas pelos portugueses, está em muito bom estado de conservação dentro das muralhas e é de facto muito bonita, para além do valor histórico que tem para nós.

No hotel houve uma história engraçada, pois foi o único hotel que não vendia qualquer tipo de álcool a turistas. Então, alguém resolveu ir ao LR do A. Silva e do Rui buscar o resto de cervejas que ainda havia e juntámo-nos 7 ou 8 pessoas numa mesa da esplanada, a beber Superbock e a comer amendoins. Quando o empregado nos viu, ficou muito aflito porque não podíamos beber cerveja, mas o Pedro rapidamente o esclareceu que aquilo era somente sumo de cevada e, como ele não conhecia a marca, parece que engoliu a patranha. Certo é que bebemos as cervejolas todas sem problemas!

10º DIA: ASILAH – LISBOA

Hoje é dia de voltar para casa. Fizémos os 60 km até Tanger rapidamente, para apanharmos o barco das 9:30h. Surpresa! O mar está muito mexido e só vai haver barco às 13:30h…que depois se haveria de transformar em 14:30h. Uma espera com que ninguém contava, uma grande seca!

Pelas 14h começámos a embarcar e o barco parte rapidamente. Só que nem todos vão, pois o Paulo Duarte esqueceu-se de carimbar o passaporte e os marroquinos não o deixaram seguir viagem. Mais um contratempo, pois todos ficámos tristes pelo Paulo que ficou sózinho do outro lado do estreito.

A viagem foi bastante atribulada, pois com o mar tão revolto, quase metade das pessoas enjoaram e fizeram uma viagem de grande sacrificio. No final reunimos o grupo para resolver o que fazer para o Paulo não vir sózinho para Lisboa. Então ficou resolvido que o António Antunes mais o casalinho de médicos, que sempre o acompanharam, ficavam à espera do Paulo.

A viagem para casa foi feita por conta de cada um, pois em caravana é mais demorado, mas durante o caminho fomos encontrando alguns dos participantes. Penso que todos chegaram bem, para poderem contar as suas aventuras aos familiares e amigos que ficaram em Portugal.

Quero só salientar que o nosso Guia António Antunes foi excelente pois, com tantos problemazitos que houve, soube lidar com todos com a maior lisura e sem nunca comprometer a segurança da comitiva. A ele e ao pessoal do Clube, os meus agradecimentos, bem como para os restantes participantes, que foram todos de uma grande simpatia, apesar de alguns só agora ter conhecido.

Um bem-haja para todos.

PAULO ROCHA – LR DEFENDER TD 5 (que nunca ficou atascado. Ah! Ah! Ah!)

Veja o álbum fotográfico completo:
ExpedicaoAMarrocos2010

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