Travessia 2013 – Porto Covo | Monchique | Cabo Sardão

Travessia 2013 – Porto Covo | Monchique | Cabo Sardão

O dia acordou preguiçoso mas com uma temperatura amena, um sol brilhante e sem vento. A maré estava vazia, e o mar “flat”, deixando ver o fundo através das águas cristalinas, em tons de verde e azul turquesa.

Condições perfeitas para o início de mais uma travessia, desta vez pelo Litoral Alentejano. O objectivo do dia era chegar a Monchique, a uns distantes 200 km, com 80% do percurso fora de estrada, seguindo sempre o “risco azul” do GPS.

Às 9:30 em Porto Covo, bem em cima do mar, a caravana começou a rolar para Sul sempre junto à costa. No início, fomos visitando praias e portos piscatórios enquanto rolávamos por bons estradões de areia. A progressão fazia-se em bom ritmo pois a pressão dos pneus tinha sido ajustada para aquelas condições. Para muitos era a primeira experiência em areia, mas o sentido de entreajuda próprio dos “LandRovistas”, depressa deu os ensinamentos aos menos experientes, necessários para a caravana prosseguir o seu caminho.

As paisagens eram a contento de todos e com as paragens obrigatórias nos portos piscatórios e junto ao mar, apetecia mesmo molhar os pés e ficar na conversa a gozar o calor do sol.

A meio da manhã começam as primeiras dificuldades. Uma subida prolongada com areia bastante solta, põe à prova a capacidade de cada um. Após várias tentativas, lá foram subindo todos, com alguns a serem ajudados nos metros finais para que a caravana pudesse prosseguir.

E assim continuou o percurso da manhã, em que um dos pontos altos do dia foi um estradão sempre junto ao mar em cima da falésia, logo após o Cabo Sardão.

O almoço piquenique foi no bonito e bem equipado Parque de Merendas de Maria Vinagre, gentilmente cedido pela Junta de Freguesia do Rogil. Ementas variadas, onde a farinheira do Chefe Nuno fez sucesso. Um momento de partilha, boa disposição e óptima comida.

O percurso da tarde foi no entanto bastante diferente. Agora, os estradões de terra batida onde se podia rolar facilmente a 60 km/h, exigiam cuidado na condução e eram intercalados por alguma dificuldade do terreno que pedia as redutoras. Tendo deixado para trás as últimas praias de uma beleza imensa, rolava-se já no interior algarvio em direcção a Vila do Bispo. Era hora de apontar o rumo a Monchique, deixar o mar e rumar à serra.

O percurso montanhoso, ziguezagueante, em altitude, fora da civilização algarvia mais conhecida, levou-nos a passar por lugares onde alguns bravos residentes estrangeiros vivem em quase autonomia total e por aldeias reconvertidas para servir estes novos habitantes. O percurso intercalava estradões excelentes com zonas de lenta progressão, já que os Land Rover servem para superar todo o tipo de obstáculos. A paisagem da serra algarvia, essa, era uma novidade que a maioria da caravana admirava pela primeira vez. A parte final foi sempre a subir para Monchique por entre estradas municipais serpenteantes com rápidos estradões.

Por volta das 19 horas, já a tarde caía sobre a Serra, a caravana chegava às Caldas de Monchique onde um banho retemperador a todos preparava para um excelente jantar de convívio, com comida “gourmet” e uma excelente selecção de vinhos a fazer as delicias de todos os participantes.

Este foi o momento perfeito para homenagear os “padrinhos” desta travessia, Francisco e Zé, assim como o Horácio e a Luísa, como “Padrinhos” da Travessia Lousã-Estrela de 2011, pela sua inestimável ajuda na organização destes dois eventos. Todos receberam um diploma e a oferta da inscrição num dos próximos passeios do Clube Land Rover de Portugal.

O ambicioso objectivo de ligar Porto Covo a Monchique tinha sido conseguido dentro do horário previsto, o jantar tinha sido delicioso e à meia-noite tudo estava pronto para um sono retemperador, pois o dia seguinte requeria frescura física.
Às 9 horas em ponto da manhã seguinte a caravana começou a rolar em direcção ao topo da Serra de Monchique, onde se podia ver uma extensão imensa que ia desde Sagres a Portimão. A óptima visibilidade e a beleza do lugar convidavam à contemplação mas era tempo de rumar a Odeceixe, bem por dentro da serra, por entre bons estradões, muto arvoredo e algum pó. A caravana alongava-se no “sobe e desce” constante, através de campos habitados por mais algumas comunidades estrangeiras que nos acenavam ao passar. À medida que nos íamos aproximando de Odeceixe os estradões alargavam e a velocidade subia, mas sempre com cuidado. A meio da manhã “toca-se” em Odeceixe, único local onde era possível cruzar a Ribeira de Seixe.

Agora era tempo de entrar na grande planície alentejana e passar ao longo de campos de cultivo, cruzar ribeiras, e admirar flores amarelas, vermelhas e lilases, num colorido que só acontece nesta altura do ano. Vamos ligar Odeceixe ao Cabo Sardão pelo interior alentejano. A progressão faz-se a bom ritmo através dos bem cuidados estradões locais.

Um café retemperador junta a caravana antes do último troço, numa aldeia hoje quase deserta, mas que nos idos anos 60 chegou a ter milhares de habitantes. Perto de Odemira, a maioria da caravana junta-se para uma fotografia de grupo e começa a última aventura desta viagem com o atravessamento do Rio Mira a vau.

Com a ajuda das instruções precisas da organização, todos os participantes cruzam o rio com sucesso, e no final, os sorrisos de enorme satisfação prevalecem sobre o “nervosismo” inicial. Afinal não é todos os dias que cobrimos as rodas dos nosso Land Rovers com água!. Alguns Defenders, cujos condutores carregaram um pouco mais no acelerador, ficaram com os faróis suplementares a servir de “aquário”, nada que não se resolva em poucos minutos.

Superado o último desafio, e com o cansaço acumulado de 100 km quase todos fora de estrada, o almoço no Cabo Sardão era o momento mais ansiado por todos. No simpático restaurante na povoação de Cavaleiro a poucas centenas de metros do Cabo Sardão, comem-se os petiscos bem típicos da região, com a salada de polvo e a feijoada de chocos a servir de entrada para o repasto. O requinte do jantar da véspera dá lugar ao típico saber português, não menos apreciado por todos.

Após mais de 300 km de percurso, estávamos novamente bem perto do local de partida da véspera, e dávamo-nos conta do muito que tínhamos feito e vivido.

Em apenas dia e meio, descemos de Porto Côvo a Vila do Bispo visitando praias de difícil acesso, sobrevoando um mar de águas cristalinas, e rodando em areia e terra. Subimos a Monchique pela serra Algarvia, descobrindo aldeias perdidas na imensidão dos montes. Descemos a serra rumo ao mar, por entre arvoredo cerrado, subindo e descendo constantemente. E por fim, cruzámos o Alentejo através de estradões bem cuidados e rápidos, onde o verde, o amarelo, o vermelho e lilás dos campos imperou.

Citando um dos participantes: “Nunca tinha participado num passeio com tanta variedade de paisagens deslumbrantes. Foi fantástico conduzir o meu Land Rover nestes estradões e viver todos estes momentos em família”.

MIGUEL RUELA

Veja a reportagem fotográfica:
Travessia 2013

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