Veteranos 2013 – Caparica | Cabo Espichel
“Em Abril águas mil” lá diz o ditado popular, mas a organização do passeio dos Veteranos 2013 do Clube Land Rover de Portugal tem uma excelente relação com S. Pedro, que brindou o dia do passeio dos Land Rover mais “velhinhos” com o primeiro Sábado primaveril do ano, depois de longos meses de chuva.
Mas melhor ainda, deixou no percurso um restinho de água e lama, de modo a provar-se que os Land Rovers foram mesmo feitos para ultrapassar qualquer obstáculo.
Depois de no ano passado termos visitado a Serra de Sintra, este ano fomos para o mar. O percurso iniciou-se na Costa de Caparica com o objectivo de ir bordejando o mar até ao Cabo Espichel, deixando para trás qualquer obstáculo que se deparasse.
O trajecto começou logo com um estradão muito ondulado, em direcção à Lagoa de Albufeira, intercalado com grandes poças de lama, que “decorou” as carroçarias com aquela lama que lhes fica tão bem. Aqui foi tempo de meter tracção e redutoras para superar as valas e as inclinações laterais. As rodas no ar e as tangentes às árvores (não houve nenhuma secante, felizmente) alertaram toda a caravana dos veteranos que estavam a participar num passeio 4×4 “à séria”. O Série I de 1949 presente no passeio não se fazia rogado a transpor todos os obstáculos e claro está que todos os outros Séries mais “modernos” não se deixavam intimidar e superavam igualmente todas as dificuldades. Está visto que ninguém gosta de adornar muito e a inclinação lateral deixou muita gente apreensiva, mas tudo correu bem e a árvore ficou intacta. Até o grande 101 FC passou sem problemas.
Depois das emoções fortes iniciais, era tempo de apreciar a paisagem. O percurso foi percorrendo toda a margem da Lagoa de Albufeira até ao mar. A azáfama do windsurf e da pesca era grande, mas era tempo de continuar rumo a sul. Estradões de areia dentro de pinhais faziam as delícias dos condutores e davam a oportunidade de explorar e usufruir ao máximo das potencialidades das máquinas. Árvores de grande porte tombadas eram um sinal claro dos temporais deste rigoroso inverno. E foi junto a uma que se reuniu a caravana para dar descanso aos motores e tratar dos estômagos. Os participantes do 101 foram literalmente assaltados, tais eram a iguarias trazidas, mas rapidamente se repôs a ordem e era tempo de usufruir do tempo primaveril, com os mais expeditos a terem tempo de ver o mar.
O café oferecido pela organização em pleno pinhal foi um momento muito apreciado. Houve quem suspeitasse que o gerador era para dar música ambiente, mas respirou de alívio quando se apercebeu que ia ter um cafezinho no fim do almoço.
Com os estômagos reconfortados e as máquinas a trabalhar, era tempo de rumar ao Cabo Espichel. O ponto de paragem seguinte foi mesmo em cima do mar, onde fomos presenteados por um espectáculo de parapente. Dezenas de asas coloridas no ar, mesmo em cima do mar e uma delas veio mesmo por cima da nossas cabeças mostrar-nos algumas manobras. O estradão de areia que estávamos a seguir mesmo por cima da falésia deixava os participantes com a alma cheia. Era tempo de usufruir deste recanto do nosso belo Portugal.
Calmamente a caravana continuou a rolar sem saber as surpresas seguintes. Depois da calma, vinha o trabalho. Era tempo de meter tracção às quatro e redutoras que o caminho era agreste e lento. Subidas, descidas, valas e árvores a impedir a escolha do melhor caminho. Foram dois quilómetros de muita condução e atenção para escolher a melhor trajectória e evitar os locais piores. No final deste troço via-se um sorriso estampado no rosto de todos, e a certeza que estas belas máquinas ainda estão prontas para estas andanças.
E finalmente ao longe, o Cabo Espichel começa a entrar na paisagem. Parece perto, mas o caminho é tortuoso. Uns belos estradões para rolar a 50 km/h intercalados com mais alguns regos bem profundos. Mais umas rodas no ar e umas tentativas para escolher o trajecto, mas tudo segue o seu caminho.
Já temos o Cabo Espichel mesmo à nossa frente e faltam-nos somente alguns quilómetros para o destino final do nosso passeio. Aqui os estradões são planos mas os Land Rovers, depois de terem superado tantas dificuldades durante todo o dia, acham que têm que acabar em grande.
Apesar de opcional, os mais afoitos resolvem demonstrar todas as capacidades dos Land Rovers nos lamaçais ainda existentes. Uns conseguem atravessá-los facilmente, outros não, mas apesar de umas “guinchadelas” para não perder a prática, o mais importante era o convívio entre todos os participantes.
Foi deslumbrante ver um Série III muito bem preparado, e equipado com o bom “kit de unhas”, a fazer tudo como deve ser, nalguns pontos com água quase a entrar para a cabina.
O destino estava alcançado e era tempo da fotografia de grupo. A satisfação de um dia muito bem passado, com condução TT apropriada aos Land Rovers mais antigos, com paisagens deslumbrantes e verdadeira camaradagem.
Restava fazer a ligação ao restaurante na Praia do Meco, onde se limpou a poeira acumulada nas gargantas e onde nos esperava um bom lanche para preparar o regresso a casa.
Este foi mais um dia de excelente convívio onde se sentiu a paixão dos proprietários orgulhosos dos seus veículos, e que provou novamente que desde o mais velhinho Série I ao mais recente Série III, os Land Rovers veteranos estão sempre prontos para o que for preciso.
Para o ano há mais Veteranos, por isso mantenham as máquinas prontas a rolar…
MIGUEL RUELA
Veja a reportagem fotográfica:
Veteranos 2013